Ganhos de uma educação inclusiva

Post publicado no Mamãe Neura no dia 02 de abril de 2013.

Minha filha desde os 07 meses frequenta a pré-escola. Não lembro bem quando, mas naquele mesmo ano entrou na turma uma criança com síndrome de down. Acompanhei, de longe, o processo de adaptação do menino na escola. Passada essa etapa inicial, ele, assim como minha filha, se desenvolveram muito. Desde aquela época são colegas de turma e, mais do que isso, são companheiros de brincadeiras, de diversão, de aprendizagens.
Sei que minha filha aprende muito com a participação dele na escola. Aprende a olhar cada um dos colegas individualmente, a conviver e aceitar as diferenças que todos temos e somos, a não aceitar as desigualdades, a impedir a instalação de mitos e preconceitos construídos historicamente, a lidar com suas não habilidades, a não excluir. Sim, minha filha não aprenderá sobre o processo de inclusão, pois não aprenderá a excluir, como nós aprendemos, e um depende da existência do outro. Agradeço todos os dias por essa oportunidade, pois não sei se haveria forma melhor de repassar esses valores tão importantes de humanização se não fosse a presença desse menino na escola.
Eu também aprendo todos os dias com a situação: quebrar meus paradigmas com relação a estigmas e preconceitos, aceitar a diversidade e trabalhar a aceitação, aprender a apoiar/ser apoiado e diminuir as exigências, considerar cada dia como um novo desafio e nova busca, alcançar a coerência entre o que eu falo e faço. Agradeço porque todos os dias que encontro esse menino ou seus pais sou mobilizada a refletir sobre essas questões e, por mais que eu não queira, me deparo com um ponto em mim que precisa ser mais desenvolvido.
Gostaria que todos os pais de alunos da escola pudessem, assim como eu, refletir sobre essas questões. Tenho certeza de que nenhum dos pais passa incólume, embora talvez alguns optem por não enxergar a situação ou pensar sobre ela. A educação inclusiva, começando pela escola, pode ensinar muito a sociedade, modificando a cultura do preconceito, tornando as pessoas mais humanas e melhores. Obrigado, colégio, por esta oportunidade. E a esse e outros meninos e suas famílias, por poderem nos ensinar tanto.